segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Flores Comestíveis dão lucro.


Flores comestíveis valorizam culinária mineira e dão lucro

     Minas Gerais tem quase 500 produtores de flores, que ocupam com esse cultivo cerca de 1,2 mil hectares localizados em sua maioria no Sul do Estado, Zona da Mata, região Central e Campo das Vertentes. A produção mineira de flores comestíveis, que ocupa o segundo lugar no ranking nacional, atrás de São Paulo, já apresenta um grande potencial de expansão, informa a Superintendência de Segurança Alimentar e Apoio à Agricultura Familiar (Susaf) da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
     De acordo com a assessora técnica da Superintendência, Thyara Rocha Ribeiro, “na culinária de Minas e do Brasil é tradicional a utilização de flores solitárias como a flor de abóbora ou inflorescências, ou seja, um conjunto que inclui o brócolis, a couve-flor e a alcachofra”. A assessora explica que o preparo de pratos com espécies cultivadas como ornamentais e aromáticas, embora seja um hábito antigo em outros países, começou a ganhar força no Brasil há menos de dez anos. “O produto é requisitado por restaurantes, buffets, redes de supermercados, lojas de produtos naturais/orgânicos e spas”, diz ainda Thyara. Atualmente, as flores comestíveis mais cultivadas são a capuchinha, amor-perfeito, calêndula e flor da abóbora. Thyara informa que a relação das principais espécies que compõem receitas culinárias ainda inclui a rosa, o hibisco e o borrago.
     As pétalas das flores comestíveis apresentam geralmente em torno de 80% de água e contêm poucas calorias. Por isso, conforme a assessora, são excelentes para compor pratos leves, muito utilizados em dietas alimentares. “Ricas em vitaminas e minerais, conferem aroma e sabor característicos e dão um colorido especial aos pratos, tornando-os mais atrativos visualmente”, acrescenta.
     As flores comestíveis podem ser utilizadas in natura, cristalizadas ou, de forma processada, no preparo de sorvetes, bolos, geléias e bebidas. “O cultivo de flores para uso na gastronomia deve ser isento de qualquer tipo de contaminação química ou biológica. O sistema mais indicado é o orgânico”, enfatiza Thyara. “Além disso, os produtores devem conhecer o comportamento da espécie a ser produzida, na região em que se pretende desenvolver a atividade. O ambiente pode favorecer o estabelecimento de doenças e pragas que prejudicam ou impedem a comercialização das flores, uma vez que para serem consumidas as flores devem ser cultivadas sem aplicação de qualquer tipo de produto químico”.
Produto certificado
     Há 20 anos, as irmãs Graziela e Renata Seleme Dei Falci produzem ervas e flores comestíveis, em Belo Horizonte, oferecendo atualmente mais de 60 espécies orgânicas, principalmente para os supermercados e restaurantes. “Vendemos o maior volume de flores na Grande Belo Horizonte, mas uma parte dos produtos alcança os mercados do Rio de Janeiro e de São Paulo”, informa Graziela. De acordo com a empresária, o volume comercializado por ano é próximo de 12 mil molhos, com a média de 20 unidades cada.
     Entre as flores que a empresa coloca no mercado, a mais procurada é a capuchinha. No grupo das mais vendidas estão também o amor-perfeito, flor de alecrim, flor de sálvia, flor de tomilho e flor de hibisco. Segundo Graziela, há flores o ano inteiro, com a produção em períodos alternados.
“Nossos produtos têm a certificação do Instituto Biodinâmico (IBD), de Botucatu, em São Paulo, que trabalha em parceria com certificadoras de excelência de diversos países”, informa. “Por isso, embora nossa empresa não exporte, temos credenciamento para vender para o mundo inteiro”, acrescenta Graziela.
     As ervas e flores são cultivadas em uma área de quase dez hectares, no município de Contagem. “Trabalhamos como os japoneses, que plantam em pequenos espaços, sistema que possibilita a redução de custo. De acordo com a empresária, o custo de produção das flores e ervas representa cerca de 60% da receita. “Quando falamos em custo, destacamos a mão-de-obra”, enfatiza. A empresa conta com dez trabalhadores nas etapas normais de produção e recorre a mais três eventualmente, para o período após as chuvas, em que a área de cultivo exige mais cuidados.
     O plantio e a colheita, como nas demais Empresas dedicadas ao cultivo de flores, é manual. “O mesmo sistema é utilizado para o eventual controle de pragas e para embalar as flores e ervas”, prossegue Graziela. Ela ainda observa que a atividade exige muita dedicação, como visitas à área de plantio durante a noite para impedir a ação de animais na plantação.
     Para Graziela, as dificuldades do dia-a-dia são compensadas com o aumento da produção e a expansão do mercado a cada ano. “Além disso, temos o registro de vitórias que fortalecem a imagem da empresa. Uma dessas conquistas foi a inclusão de nossas ervas em uma das categorias vencedoras do concurso mundial de gastronomia Bocuse D’Or, realizado em Paris, na França, em 2001”, finaliza.

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